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O Caminho Europeu

Atualizado: 29 de set. de 2022

Passados trinta anos da assinatura do Tratado de Maastricht (1992), completos, portanto, também, trinta anos de cidadania europeia, parece-me importante reflectir sobre o que é hoje a União Europeia e sobre o caminho que nós, europeus, temos pela frente. A nossa história recente tem demonstrado como é fundamental definirem-se políticas comuns capazes de dar uma resposta coesa aos problemas do presente. As (recorrentes) crises financeiras, o cataclismo climático, a ameaça epidémica, a permanência da guerra, a exploração do homem pelo homem são alguns dos muitos e graves problemas que teimam em assolar-nos. Tem-se mostrado claro que problemas de dimensão global não podem encontrar nos redis nacionais as soluções devidas. É preciso fomentar diálogos e procurar consensos. É urgente que a União Europeia cumpra os seus propósitos fundacionais, e ainda que augure agir no quadro externo. A crise Pandémica vivida desde 2019 já provou que só podemos superar desafios que não reconhecem fronteiras com fraternidade e solidariedade. A crença no progresso e no desenvolvimento – conceitos cada vez mais vazios de significado – fizeram com que na Europa nos sentíssemos imunes, talvez até superiores, à peste e à guerra. Bom, o presente tratou de nos comprovar o contrário. E já que a nossa consciência foi atiçada, ao menos que, perante todo o mal que nos consome, possamos construir as estruturas capazes de prevenir e solucionar. A guerra que se trava nos campos e cidades da Ucrânia e que nos surpreende mais do que as que no resto do mundo se arrastam há anos – naturalmente por presunção nossa – abriu recentemente um debate no seio da União, melhor dizendo, desmascarou, pelo menos aos olhos deste que lhes escreve, intenções antigas de poderosas forças da União. Sem mais rodeios, critico a ideia de que alguns estados tenham superioridade moral sobre outros. É certo que as vicissitudes do presente revelaram a natureza pouco democrática de alguns estados-membros – que, na verdade, só era desconhecida de quem insistisse em ignorá-la. Porém, desenganemo-nos se julgamos ser mais democráticos defendendo a exclusão da decisão desses estados. A União Europeia deve concentrar todos os seus esforços em integrar e não em imiscuir.

No fundo, devemos procurar o Caminho Europeu e não os caminhos alemão, francês ou húngaro. A União deve concentrar-se em ser democrática, ainda que nos possa parecer perigoso debater com quem nega o debate e impõe doutrina. Excluir é erigir muros, os muros colocam-nos em posição defensiva e a defesa, no nosso mundo, significa guerra. Portanto, termino insistindo na ideia de que o nosso futuro assenta na integração e no esclarecimento pelo debate livre de ideias. Bem-hajam!


O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico

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