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O Centro não nos salvará

No passado dia 24 de Agosto, quarta-feira, em França, entrou em vigor uma das medidas incluídas na Lei Climática aprovada o ano passado no Parlamento com 332 votos a favor e 77 contra: proibir a publicidade de combustíveis fósseis.

Nesta Lei – que necessitou de 200 horas de debate em Comissões Parlamentares e na Câmara Baixa para ser desenvolvida –, estavam incluídas, entre outras, medidas como: a diminuição de resíduos de embalagens, a proibição da expansão de aeroportos e a proibição de colocar aquecedores em terraços ao ar livre.

Já na altura, Jean-François Julliard, diretor executivo da Greenpeace França, fez questão de vir a público afirmar: “É uma Lei que poderia ter sido adequada 15 anos atrás (...) Em 2021, não bastará para enfrentar com eficiência o aquecimento global1”.

No sentido de defender a posição governamental, a antiga Ministra francesa do Meio Ambiente, Barbara Pompili, disse: “Ao invés de grandes palavras e objetivos imensos e inalcançáveis que só geram resistência social, estamos adotando medidas eficazes2”.

Acontece que, dada a situação climática apresentada no último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre mudanças Climáticas), a ação tem mesmo de ser significativa. A Professora Debra Roberts, co-presidente do IPCC afirmou o seguinte na sequência da divulgação do relatório: "O nosso relatório claramente indica que lugares onde pessoas vivem e trabalham podem deixar de existir, que ecossistemas e espécies com que nós crescemos e que são centrais para nossas culturas e compõem nossas línguas podem desaparecer3".

Dito isto, o molde da “proibição” de publicidade de combustíveis fósseis deve ser melhor explanado, de modo a não incorrer numa percepção errónea daquilo que realmente está a ser feito. Apesar de, efetivamente, passar agora a ser proibido para as empresas publicitarem preços de combustível ou fazer anúncios com bombas de gasolina no cenário, ainda há brechas que podem ser exploradas. A publicidade continua a ser permitida em eventos desportivos ou festivais.

Ainda que a publicidade não seja propriamente onde as petrolíferas ganham força – mas sim no lobby e na pressão política aos partidos financiados pelas mesmas –, há que percorrer o caminho de uma só vez. A crise climática tem de ser combatida com a mesma veemência com que nos afeta agora e como nos afetará no futuro.

As políticas de Centro que pretendem apelar ao voto útil e ao agrado de todos não são suficientes.


1 2021. «Parlamento Da França Aprova Projeto de Lei Climático Em Busca de Economia Verde». Reuters

2 Ibid.

3 2022. «Mudanças climáticas: novo relatório do IPCC adverte sobre impactos “irreversíveis”». BBC News Brasil.




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