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Winter is coming: o desastre do inverno europeu

A crise energética já é uma realidade desde 2019, a produção de energia renovável através das hidráulicas já estava a falhar devido à seca e o preço dos combustíveis e do gás já sofria com uma taxa inflacionária, embora ainda reduzida. Ou seja, todos os precedentes pintavam um quadro não muito belo para este inverno de 2022/2023. O que se desenhava como um mau indicativo para a Europa, tornou-se desastroso com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

Neste momento, o Nordstream1 está fechado, a inflação em bens energéticos ultrapassa os 40%, a inflação geral chega aos 9% e já nesta última semana, onde as temperaturas desceram um pouco daquilo que é habitual para esta altura, aumenta o preço da eletricidade. Nada nesta descrição me faz acreditar que teremos um Inverno difícil, mas suportável e eu sou otimista na maioria do tempo. O que eu prevejo é um completo desastre humanitário. Se em Portugal já tínhamos uma das maiores percentagens de pessoas que não conseguiam aquecer as suas casas no Inverno, o que eu prevejo é um grande número de mortes relacionadas com o frio, tanto aqui como na Alemanha, como em França, ninguém está a salvo.

Até a Noruega, que é conhecida por ter 90% da sua energia produzida por renováveis, já começa a apertar a corda e, embora Portugal e Espanha recebam o seu gás do Norte de África e tenham uma grande capacidade das renováveis, nada faz afastar o preço exorbitante dos bens energéticos. Qual é a porta de saída deste desastre?

Eu não tenho respostas milagrosas, como, acho, ninguém tem. O teto aos preços parece-me um percurso válido a seguir, como na França. Agora, a discussão do momento centra-se na taxação de lucros excessivos das empresas de energia, que é um tema que tem tanto de controverso, como de complexo. Digo controverso pela questão clara esquerda-direita, taxar/não-taxar, lucros imorais/lucros morais, mas digo complexo, porque de facto o é. A União Europeia está a refletir sobre esta taxa e existem dois pesos (e grandes pesos) na balança. Por um lado, temos o bem-estar europeu, o mercado regulado, mas não tão regulado, que tantos adeptos foi ganhando na Europa, e por outro, temos as consequências que esta taxação pode trazer: as empresas podem muito bem decidir começar a vender energia a outros países que não tenham a taxa, também podem reduzir a venda e circulação dos bens energéticos, entre outras.

Eu sou a favor de taxarmos os lucros excessivos, mas também sei que temos de considerar e de desenhar um plano bem estruturado a nível europeu, com aprovação de todos os países e companheiros económicos e sociais, para que tudo corra bem à medida que os longos e congelados meses de Inverno passam.

Como disse, tenho uma índole otimista e acredito que a força da União vai fazer a diferença, mas que vamos ser testados ao máximo, vamos. Tudo vale a pena se sairmos desta experiência mais fortes e mais preparados e tudo vale a pena em prol do povo ucraniano, que passará este Inverno, certamente, em condições muito piores que a nossa. Slava Ukraini e viva a União Europeia!

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