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1A: O projeto de paz não pode cair

Hoje marcamos o primeiro aniversário do início da invasão da Ucrânia pela Rússia. Um ano que fica marcado pela resistência ucraniana, pela força de um povo que, ao ser invadido numa tentativa de oprimir um modo de vida próprio mais próximo ao modo de vida Ocidental, numa tentativa de restaurar um sonho imperial ultrapassado, resiste.

Embora não me atreva a retirar importância de discutirmos todas as guerras que ocorrem no espaço geopolítico internacional, reforço a importância desta como a primeira, em 50 anos, com o potencial de dividir novamente o mundo em dois. A cortina de ferro ergue-se, a cada dia que passa, nas cidades do leste ucraniano fustigadas pelos caprichos imperialistas de Putin e dos seus oligarcas.

É, para mim, realmente interessante ver a dificuldade que o Partido Comunista Português sente em repreender a invasão russa. Claro que devemos olhar para os tratados de Minsk, sempre mencionados pelos comunistas em debates sobre a guerra, que reforçaram o papel neutral que a Ucrânia deveria seguir. Mas, pergunto-me, não serão esses mesmos tratados uma forma da Rússia impor o seu desejo imperialista?

Os acontecimentos que levaram a Rússia a invadir a Ucrânia terão a sua verdade, por exemplo, na expansão contínua da NATO a leste, quando a NATO deveria ter terminado aquando a URSS, no entanto, haver quem defenda a continuidade desta invasão, ou até abstendo-se de a criticar, vendo os Direitos Humanos mais basilares a serem ignorados, vendo a quantidade de violência das tropas russas, vendo a quantidade de destruição, é, na minha mais sincera opinião, uma enorme irresponsabilidade.

Devemos ser sérios. Em pleno século XXI, uma guerra como a que vimos começar há um ano atrás é um retrocesso nas conquistas alcançadas no pós-segunda Guerra Mundial. Temos de fazer todos os possíveis para alcançar uma paz que seja duradoura, embora, tende a acreditar que esta paz só será alcançada com uma derrota total da Rússia, permitindo que a Ucrânia mantenha total domínio do seu território, incluindo a Crimeia. Não podemos, no entanto, deixar que a ajuda militar, económica e humanitária seja dissipada com o passar dos anos.

Sou totalmente favorável à ideia de que a Ucrânia e o povo ucraniano estão a sofrer as consequências em prol de todo o projeto europeu. Sou totalmente favorável à ideia de que a Ucrânia e o povo ucraniano estão, neste preciso momento, a defender os ideais de vida europeus. Por isso mesmo, a ajuda não pode escassear. O projeto de paz não pode cair. Não podemos perder mais vidas.


João Miguel Miranda

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa




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