Algumas notas sobre a inteligência artificial
- Miguel M. Correia
- 3 de jan. de 2023
- 2 min de leitura
Em 2021, o Parlamento Europeu propôs diretrizes para a utilização da Inteligência Artificial (IA), em áreas como a militar, a justiça e a saúde. No entanto, a IA não deve isentar os humanos da sua responsabilidade. É necessário regular a supervisão humana dos sistemas utilizados na defesa, proibindo as armas letais autónomas. Chomsky não rejeita a importância tecnológica destas técnicas, mas diz-nos que o objetivo da ciência é procurar entender o funcionamento do mundo. Ora, estes mecanismos não têm a capacidade de entender os processos cognitivos associados à linguagem.
Chosmky explica-nos que o objetivo principal, inicialmente, era usar a IA para a aprendizagem cognição, ou seja, como o cérebro humano pensa, mas esse objetivo foi substituído ao longo dos anos. O linguista criticou o recurso a técnicas estatísticas que fazem com que as características selecionadas sejam as mais frequentes, o que faz com que nem todos os indivíduos estejam representados. Por exemplo, o modelo de linguagem GPT3, da OpenAI, é capaz de criar textos longos sobre diversos assuntos, com base em breves referências. Chomsky diz-nos que há deficiências do sistema, cometendo erros na ordenações de eventos que dependem da interpretação de um dado contexto.
Por fim, a designação «Inteligência Artificial» é incorreta, dado que, na verdade, o processo de resolução dos problemas, mesmo que emule o funcionamento das redes neuronais, é distinto da forma como o ser humano, através de processos cognitivos, os soluciona. Esta noção é relevante na área da linguagem, pois uma língua tem uma estruturação semântica e sintática e uma origem etimológica e cultural que resultam de processos cognitivos associados à perceção da realidade. A aprendizagem do ser humano utiliza essas regras e constrói uma lógica progressiva aliada a uma intuição simbólica.
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