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Mixórdia de Pomodoro e Fromage

Muito aconteceu na última semana europeia e não me quis cingir a escrever apenas sobre um assunto. Por isso, trago-vos uma verdadeira mixórdia de tomate e queijo, ou pomodoro e fromage (em italiano e francês, respetivamente - a piada far-se-á sozinha), porque todos estes eventos têm-me vindo a parecer mais com os ingredientes de uma receita estranha de pizza, muito diferente daquela que conhecemos.


Na semana passada, os líderes de 44 países europeus juntaram-se em Praga no que foi a inauguração de mais um fórum europeu, a Comunidade Política Europeia, deixando de fora apenas os países-vilões do momento: Bielorrúsia e Rússia. Vi com muitos bons olhos a criação de um novo espaço de conversa para aqueles países não-pertencentes à União Europeia, penso que criarão grandes debates relacionados com este velho pedaço de terra a que chamamos Europa. Não fico tão satisfeito, mas entendo as razões claras do sucedido, com o afastamento dos dois países agressores da Ucrânia. Percebo a decisão no espaço presente, mas não continuarei a perceber se a guerra se alastrar ao longo de vários e pesados anos, porque, se queremos alcançar a paz teremos, eventualmente, de sentar à grande mesa da Europa, o país invadido e os países invasores, especialmente agora, que a Europa se prepara para um dos piores invernos na sua história, como consequência deste evento bélico.


Outro movimento de união e força ocidental tem sido a resposta da NATO e da União Europeia à ameaça russa de uma guerra nuclear. Na minha perspetiva, as ameaças ocas de Putin demonstram-me apenas que a guerra está a tomar um rumo que não o esperado pelas oligarcas de Moscovo. Putin começa a sentir a corda a apertar o pescoço. E bem. Uma resposta lamentável à situação tem sido a de Joe Biden, que propaga o pânico e o sensacionalismo, para que a sua situação eleitoral melhore, na antevisão das mid-term elections. Não chega aos Democratas piorar as relações com a China, têm de piorar as relações dos cidadãos comuns com o mundo à sua volta, que tão negativo já ele tem vindo a ser.


Mas, se falei apenas de coisas mais ou menos positivas ou, pelo menos, de temas centrados na união de países, falarei dos assuntos que, na minha opinião, pintam um cenário complicado para a Europa.


Primeiro, temos o aumento da extrema-direita. Ainda não tive tempo de falar sobre as eleições suecas e italianas, ao contrários dos meus colegas colunistas e, embora uns tenham defendido, saudosamente, os bons velhos tempos do fascismo e outros o tenham criticado, preocupa-me particularmente o apoio destes partidos a Putin e à sua invasão. Porque, sem grande surpresa, pelo menos da minha parte, os partidos de extrema-direita defendem, ou pelo menos não criticam, países que queiram voltar a matar e a torturar cidadãos, para voltarem a erguer os seus pequenos grandes impérios. Claramente, esta subida da extrema-direita europeia fará com que as sanções contra os países invasores se torne menos densa e mais complicada de negociar, isto é um grande problema! Meloni deverá estar a sorrir enquanto assiste às notícias da situação iraniana…Finalmente, a ordem mundial está estabelecida…


Voemos de Itália diretamente para a França, onde o odiado Macron continua a afastar o projeto de um gasoduto que ligue Portugal e Espanha à Europa Central, porque, segundo ele, este teria de passar pelos Pirinéus…Como se estragar bens naturais fosse um problema para o liberalismo. Claramente, esta resposta negativa à proposta vem de uma cegueira estratégica, mas sem fundamento nenhum. Se a Alemanha necessita do gás vindo da Argélia para Sines, não necessitará, certamente, do gás natural que a França não tem e não terá para vender, pelo menos nos próximos anos. Macron demonstra-se, uma vez mais, um falso aliado dos verdadeiros valores europeus de entre-ajuda e cooperativismo, para deixar sair a sua ganância e a sua gula capitalista incontrolável.


Que pizza estranhíssima esta que saiu do forno, nunca mais sigo as receitas da internet.

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