Os Europeus Contra o Mundial no Qatar
- Luís G. Rodrigues
- 7 de out. de 2022
- 2 min de leitura
No próximo dia 20 de novembro arranca o Mundial do Qatar. No entanto, há já zonas da Europa em que a verdadeira coragem e indignação perante o autêntico atentado aos direitos humanos que é este evento está a tomar forma.
Desde a confirmação por parte da FIFA, em 2010, de que o Mundial seria organizado pelo Qatar que soaram os alarmes internacionais. A Amnistia Internacional e a Humans Right Watch alertaram, desde o início, que o país escolhido para albergar a maior competição de futebol do mundo incorria, há anos, num tratamento censurável no que dizia respeito às condições de trabalho de imigrantes. Desde suspeitas de trabalho forçado a condições de vida indignas, o Qatar – considerado por alguns rankings, incluindo o da Global Finance Magazine, o 4º país mais rico do mundo (PIB per capita) -, alegadamente paga, em média, menos de 2€ à hora aos trabalhadores imigrantes (semana de 6 dias de trabalho).
Para além disso, uma investigação do jornal The Guardian aponta para números chocantes no que concerne à taxa de mortes dos trabalhadores: entre 2010 e 2020, foram confirmadas 6,751 mortes de imigrantes diretamente relacionadas com o trabalho.
Como se não bastasse, há mais. Apesar de se intitular um Mundial “neutro em emissões de carbono”, a Carbon Market Watch – uma organização europeia não-governamental – já veio desmentir esta afirmação por parte da comissão organizadora.
Contra tudo isto e de modo a passar uma mensagem clara de repulsa, há zonas da União Europeia que, ativamente, estão a boicotar o Mundial de forma séria. Digo séria porque, ao contrário do que aparentemente algumas Federações de Futebol acham, usar braçadeiras coloridas e camisolas sem bandeira não é suficiente. Não passa de marketing – é ativismo performativo, daquele que não magoa ninguém.
O que é mais do que suficiente – precisamente por estar ao seu alcance – é, por exemplo, o que algumas cidades francesas como Marselha, Lille, Bordéus, Nancy, Reims e Paris vão fazer: não transmitir o jogo em ecrãs gigantes. Qualquer tipo de promoção destes jogos no espaço público tem de ser motivo de repúdio.
Paralelamente, há já também alguns bares na zona de Bruxelas que se estão a juntar a este movimento – e é assim que tem de ser.
Este Mundial foi construído à base do sangue de trabalhadores imigrantes e está a ser promovido pela ganância da máquina do futebol. Todos os europeus devem, nem que seja a título pessoal, sinalizar a sua contestação. Os valores que unem os europeus devem prevalecer em todas as ocasiões – até em jogos de futebol.
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