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Quando não há habitação, todos ralham e ninguém tem razão

A habitação é hoje um dos problemas mais graves que o país atravessa.


Segundo a Constituição da República Portuguesa, a habitação é um direito de todos que, infelizmente, não tem vindo a ser cumprido.


Em menos de uma década, os preços da compra de casas duplicaram no nosso País, o que torna cada vez mais insustentável a sua compra para qualquer cidadão.


Depois de vários pacotes falhados, o governo apressou-se a lançar um novo, o famoso “Mais habitação” que vem com a promessa de tudo mudar, mas na verdade é mais um pacote com bastante volume sim, mas sem qualquer solução credível no que toca a resolver a crise habitacional do nosso País.


Os próprios anúncios desta maioria absoluta são uma falácia: primeiro anunciaram o fim dos Vistos Gold, uma medida que há muito vinha a ser pedida e proposta pela esquerda portuguesa e consecutivamente chumbada pela Assembleia da República, que na realidade ainda não aconteceu nem se sabe bem quando e se vai realmente acontecer. Enquanto isto, nestes últimos tempos a corrida a estes Vistos têm sido absolutamente estratosférica; em segundo lugar, limitações ao alojamento local, que não tem qualquer tipo de aplicabilidade prática, as medidas de arrendamento forçado, que segundo o Presidente da República são medidas aparentemente “simbólicas”, ou mesmo aquelas promessas vagas e sem qualquer tipo de sustento de um parque habitacional, demonstra bem que este pacote devia ficar conhecido como o pacote “Mais Ilusão”.


Apesar de ter sofrido o veto do Presidente da Republica e ter sido devolvido ao parlamento, os autores já anunciaram que não iriam mexer nem uma vírgula, o que entre outros aspetos revelou um esfriar de relações entre Palácios, Belém e São Bento.


Mas uma parte interessante disto, também, é ver a direita portuguesa a fingir-se muito preocupada com este tema, provavelmente esqueceram-se de lei que aprovaram na sua governação, que ficou conhecida como a lei Cristas que facilitava despejos, reduzia prazos dos contratos e permitia o aumento das rendas. E, na verdade, a resolução deste problema, segundo os partidos mais á direita do nosso País, é simplesmente a construção de mais casas, que é preciso construir muito porque o grande problema é a falta de harmonização entre a oferta e a procura.


Ora, esta é uma visão demasiado simplista e até irrealista. Quando olhamos á nossa volta, na verdade , não faltam casas á venda ou a arrendar, o problema é que os preços praticados são absolutamente incompatíveis com os salários auferidos. Quando saem estudos que nos mostram que Lisboa é a Capital mais cara da Europa e das mais caras do Mundo no que diz respeito á habitação e Portugal é dos Países com salários mais baixos, penso que está tudo dito.


As soluções há muito que estão encontradas, porém falta vontade politica para as aplicar.Tetos máximos para as rendas, limites ao aumento das prestações de crédito á habitação, contratos mais longos e estáveis, reduzir o alojamento local nas zonas sobrecarregadas, há freguesias em Lisboa compostas por mais de setenta por cento de Alojamento Local, e acima de tudo construir mais habitação pública a preços controlados, Portugal tem um défice gigantesco deste tipo de habitação, está longe da média da União Europeia e muito longe comparadamente com outros Países que detém cerca de vinte ou trinta por cento.


Ou seja, os dados estão lançados e por isso, não é difícil de perceber que tanto o Governo como a direita portuguesa não querem resolver este problema que afeta todos os dias a vida de quem trabalha ou de quem trabalhou toda uma vida e que hoje não consegue pagar a sua própria casa.

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