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Sobre a ferrovia

O Plano Ferroviário Nacional, apresentado no final do passado ano, refletem um plano inovador para Portugal, com (há muito esperadas) ligações com Espanha, alargamentos das capacidades de mobilidade metropolitanas e novas linhas para o interior.

Este é um plano ambicioso, com vista para o ano de 2050 e vem com uma bonita ilustração daquilo que poderá vir a ser o cenário ferroviário do país. No entanto, restam-nos fazer as perguntas básicas à espera de ser respondidas: Quem é que vai fazer cumprir este plano? Quanto vai custar? Quando é que vamos começar a materialização do plano?

A ferrovia faz parte do futuro a curto prazo para a Europa. Neste sentido, Portugal está bastante atrasado em comparação com os restantes países da União e este plano só nos dá uma réstia esperança de planeamento a longo prazo, como, de resto, já estamos habituados em planos estruturais para o país.

Criar planos para 2050 causa-me uma certa confusão. Deveríamos estar a desenhar planos pequenos para prazos temporais mais próximos. Só assim teríamos a capacidade de olhar para as necessidades e dificuldades em tempo útil. Não obstante, não pretendo negar a necessidade do planeamento com vista para os desafios do futuro. Um bom exemplo desta necessidade é o troço da Linha do Norte em Espinho que, claramente, é vítima de um péssimo planeamento para o futuro, tendo em conta as previsões da subida do nível da água, uma vez que o caminho de ferro encontra-se a meros 50/100 metros do mar.

O investimento na Linha do Minho, através do Portugal 2020, trouxe-nos a possibilidade de viajar até Valença com o comboio Intercidades. Falta-nos, na minha opinião, realizar um investimento estratégico urgente para, em conjunto com Espanha, interligarmos, finalmente, os dois países. A ligação com Vigo seria apenas o primeiro passo, seguido da ligação com Badajoz, com a Linha Este, e Sevilha, com a Linha do Algarve.

É preciso também refletir sobre a acessibilidade do plano, ao mesmo tempo que o desenhamos. É crucial para a vida económica do país uma expansão daquilo que é a capacidade de acesso à ferrovia, com um plano de passe universal, acessível tanto a trabalhadores, jovens ou turistas, como o passe de 49 euros mensais para os comboios regionais, proposto pelo LIVRE e inserido no Orçamento de Estado de 2023.

Resta-nos esperar, ansiosamente, pelo futuro desta medida importantíssima, que deve ser duplicada ou triplicada nas vários formas de viagem. A viagem de comboio não se pode tornar, através dos preços efetuados, um hábito burguês, é a ferrovia que mais pode favorecer o turismo e a mobilidade nacional de forma sustentável.

Vejo com bons olhos o Plano Ferroviário Nacional, não considero tão agradável, no entanto, o planeamento para um futuro tão longínquo, como é 2050. Neste ano, já deveríamos ter todas as capitais de distrito interligadas, algo que nem com este plano será possível.

Um plano desenhado em 2021 para 2050, chegará a este ano como um plano retrógrado. Resta-nos ver qual será o método de atuação do novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, que é, na minha opinião, uma má escolha para um dos mais importantes ministérios do Estado.

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